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Volver

Em Cabo Polônio tudo é quieto e tranquilo, menos o vento. Assim como em Volver de Pedro Almodóvar a pacata vila foi assolada por um vendaval frio praticamente todos os dias que estivemos por ali. Parece que o vento é a única coisa que sai do controle na vila de 40 pessoas – no verão esse número aumenta para inacreditáveis 2 mil.

Cabo Polônio nos presenteou com histórias engraçadas. Tivemos o prazer de conhecer Dona Heloísa, a gentil senhora dona do hostel que toma mate o dia todo. Dona Heloísa no alto dos seus 50 e poucos vive em Polônio há exatos 37 anos e teve muito o que nos contar. Ela e seu fiel escudeiro, o mate, recebem todos os dias a visita da vizinha Neusa para colocar o papo em dia.

Neusa é moradora da vila há 27 anos, ela e seus filhos adolescentes sofreram muito com o marido que enlouquecia conforme se acabava na bebida. Agora viúva, Neusa se esbalda de alegria quando tem baile em Castillo – cidade há 8km de Polônio. Não importa o que toque, lá está ela com a sua roupa de baile pronta para dançar, mas nos confessou que a seu estilo preferido é a cumbia.

Através de Dona Heloísa conhecemos a história de Mario, o hippie da vila, que passa metade do ano em Polônio vendendo sua arte e a outra metade viajando pelo mundo. Outra figura famosa é Joselo, diz a lenda que de tanto tomar chá de Floripom (planta alucinógena da vila) ficou completamente cego já que a planta vai cegando aos poucos conforme o uso.

Nos supermercados de Polônio, fazemos uma viagem no tempo onde existiam aquelas vendinhas na esquina que sempre recorríamos quando faltava alguma coisa em casa de última hora. As contas são feitas em papel de pão e como não há energia elétrica, a balança ainda é daquelas de colocar os pesinhos do lado contrario. Os donos são muito gentis, sempre dispostos a te ajudar e a conversar com todos que passam por ali.

A atração principal da vila é o farol, que aliás foi o percursor de tudo, graças a ele Polônio ainda existe. Lá é possível ficar perto dos leões marinhos e contemplar toda sua preguiça e grandeza.

Passeando pelas dunas vimos alguns filhotes de leão-marinho encalhados. Na volta do passeio encontramos um que ainda se mexia, na tentativa frustrada de lutar contra o vento e a tormenta de areia. Resolvemos ajudá-lo a voltar pro mar com o auxilio de um alemão que passava. O colocamos na beira da água o que nos pareceu dar uma sobrevida ao filhote. A partir daí ele começou a se mexer com mais vivacidade, conseguiu entrar no mar e partiu em direção a arrebentação. Infelizmente o mar de Polônio é muito forte e não temos certeza se o filhote conseguiu quebrar a arrebentação e voltar pra sua mãe, mas esperamos de todo coração que sim.

Cabo Polônio é pacato e encantador. Aqui sem dúvida alguma a vida passa mais devagar.

Cenas da bucólica vila de Cabo Polônio

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8 COMENTÁRIOS

  1. Amigaaaaaa
    vou acompanhar vcs por aqui com mta saudade e com o maior desejo que de tudo certo!!! Que vcs conheçam o que querem conhecer, vivam o que querem viver e mudem o que for possível mudar em vcs e nas pessoas que passarem por vcs nesse momento!!!
    Parabéns por essa vontade linda de ajudar o proxímo!!!
    Aproveitem mto!!!
    bjoo
    Mimisss

  2. Como não poderia deixar de ser os dias já começaram com muita emoção.
    Enquanto eu lia fiz uma viagem e me imaginei nesse lugar que com toda certeza é incrível! Consegui visualizar cada detalhe lido.
    Bateu um desespero referente ao filhotinho de leão marinho, mas ele conseguiu, tenho certeza.
    É isso aí amiguinha, vida vivida com gosto!

  3. Que forma gostosa de registrar as memórias. Sinto muita falta de ter feito isso, tantas foram as histórias que ouvi nas minhas viagens.
    O Blog tá muito legal!!

    Bjos

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