É um povo peculiar. Amigável, solicito, divertido. Além disso, o bom uruguaio gostam de exaltar as coisas, sentimentos, objetos, locais e etc. Não é arrogância ou excesso de orgulho. Fazem por merecimento. Por mais normal e usual que possa ser, as palavras e gestos simbolizam um exagero peculiar para nós, brasileiros.
Tudo é superlativado. O garçom para com as opções no menu, o local se referindo a algum lugar para visitar, uma análise informal sobre um dia de sol, a torcida do Peñarol cantando sem parar durante o jogo, uma simples resposta para um “como estas?”, um professor sobre o desempenho de seus alunos, os artesãos (não os hippies) descrevendo seus produtos e o processo de criação. Não fazem por maldade, mas sim pela crença de que aquilo merece tal comparação.
O legal é bueníssimo. O muito bom é belíssimo. E o maior de todos eles, o divino, é normalmente pronunciado como se todos fossem políticos elogiando seus feitos no palanque de campanha presidencial. Entre eles há também o gracioso, o muy lindo, o distinto, o encantador, o glorioso e por aí vai. Mais do que palavras, os gestos, a expressão facial e a entonação da voz dão ao conjunto da obra uma roupagem única. Trazem da herança europeia, mais especificamente italiana, essa característica dos gestos.
Pode parecer forçado e bobo ouvir o “divino” como adjetivo para uma empanada ou para uma praça. Para mim, a associação com as qualificações em português falou mais alto no começo e ficou aquela impressão de exagero. Depois de um tempo percebe-se o quão diferente são os idiomas e que esse tipo de coisa é tudo natural para os gauchos.
Se você pensa em viajar por essas bandas de cá prepare-se para presenciar essa exaltação característica nos locais ao ouvir o divino. É divertido.